Auto-retrato
A maneira de andar
como quem busca
estrelas pelo chão.
A cabeça a dar contra os muros.
Em cada olho, o mundo como um punhal
- cravado.
O pensamento a abrir estradas
numa várzea distante.
Os ângulos do sonho formando orlas
povoadas de fêmeas
que a meu encontro viriam
do outro lado, em lânguidas posturas.
Diante do mar, a sede, a sede
de beber a vida em infinitas viagens.
As garras de gato ante paredes impostas.
A impaciência de que chegue a manhã e a praia,
a tarde e o amor.
A maneira de andar
como a fugir dos homens
- e tê-los contra o peito.
O pensamento a atirar pedras
contra as vidraças
que guardam os produtores frios
de injustiças.
O coração que bate
ao som de fábulas.
Que bate
contra rochedos mortos
numa praia de cinza
onde palpita o primeiro amor.
coração eterno.
O amor eterno
que bate.
A alegria! A alegria!
Íntima, espantada de si mesma, gloriosa
como palmas a se abrirem aos quatro ventos,
a alegria de sentir-me vivo, a alegria
de bicho do mato, criança, dominada,
eterna.
olá, Renata! Estou passando por cá, e, já aproveitando, vou ficando. Gostei de teu canto. Inspira, e, expira sensibilidade, transuda inspiração para enfrentar o dialeto da vida.
ResponderExcluirAbraço do Leonel.
"A Alegria! A Alegria! Intima, espantada de si mesma, gloriosa"
ResponderExcluirQue seja alegres os seus dias. Abraço. Jefhcardoso do
http://jefhcardoso.blogspot.com
É um auto-retrato que canta a alegria, coisa rara. Gostei.
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