Alma errada Há coisas que a minha alma, já mortificada não admite: assistir novelas de TV ouvir música Pop um filme apenas de corridas de automóvel uma corrida de automóvel num filme um livro de páginas ligadas porque, sendo bom, a gente abre sofregamente a dedo: espátulas não há... e quem é que hoje faz questão de virgindades... E quando minha alma estraçalhada a todo instante pelos telefones fugir desesperada me deixará aqui, ouvindo o que todos ouvem, bebendo o que todos bebem, comendo o que todos comem. A estes, a falta de alma não incomoda. (Desconfio até que minha pobre alma fora destinada ao habitante de outro mundo). E ligarei o rádio a todo o volume, gritarei como um possesso nas partidas de futebol, seguirei, irresistivelmente, o desfilar das grandes paradas do Exército. E apenas sentirei, uma vez que outra, a vaga nostalgia de não sei que mundo perdido... |
Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. (...)porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido. Lya Luft
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Mário Quintana
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Todos vamos perdendo a paciência, uns mais que outros, dependendo dos vários momentos.
ResponderExcluirMas também confesso que há muito que não tenho tempo, nem paciência, para telenovelas, concursos pirosos, filmes sem enredo, melosos e vazios (a menos que sejam mesmo para fazer rir).
Lindo texto retratando o dia a dia dos nossos dias.
"sentirei, uma vez que outra,
ResponderExcluira vaga nostalgia de não sei que mundo perdido..."
É essa nostalgia de um mundo perdido, porque não é um mundo deste mundo, que é combustível para a poesia, não apenas a de Quintana, um grande mestre.
Obrigado, Renata, pelo post.
Ótimo fim de semana
Beijos
Mário Quintana, nosso simpático velhinho. Sua poesia fala ao coração, diretamente. Incorpora em nós. Como ele conseguiu escrever assim? Meu Deus, é muito perfeito. Beijo grande, Renata, gostei do blog, já estou te seguindo, inteligência na net, não dá pra perder, rsrs!!!
ResponderExcluirIsso é a nossa alma fazendo um backup. Dizendo que o lixo tem que ir definitivamente para lixeira. Pedindo espaço para que novas coisas entrem, novas alegrias nasçam.
ResponderExcluirUm beijo :)