Um poema de Álvaro Campos, mais um dos personagens criados por Fernando Pessoa, que devido seu grande potencial e conhecimento não poderia limitar sua obras apenas a um único escritor, mas decidiu criar heterônimos e, junto a eles, biografias próprias a cada um de seus personagens, com poesias e trabalhos que utilizavam-se de linguagens que se enquadravam na condição de vida e à realidade de cada um deles. Somente um grande artista conseguiria com maestria, façanha tão extraordinária.
Magnificat
Quando é que passará esta noite interna, o universo, Magnificat
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado? Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia !
Um lindo poema, Renata.
ResponderExcluirÓtimo feriado pra você e um grande beijo.
Grande Fernando Pessoa, ninguém foi maior que ele! E sim, por muito má que seja a noite, teremos sempre um novo dia para começar de novo.
ResponderExcluirObrigada e uma muito boa Páscoa