quinta-feira, 1 de abril de 2010

Álvaro de Campos

Um poema de Álvaro Campos, mais um dos personagens criados por Fernando Pessoa, que devido seu grande potencial e conhecimento não poderia limitar sua obras apenas a um único escritor, mas decidiu criar heterônimos e, junto a eles, biografias próprias a cada um de seus personagens, com poesias e trabalhos que utilizavam-se de linguagens que se enquadravam na condição de vida e à realidade de cada um deles. Somente um grande artista conseguiria com maestria, façanha tão extraordinária.


Magnificat

Quando é que passará esta noite interna, o universo, 
E eu, a minha alma, terei o meu dia? 
Quando é que despertarei de estar acordado? Não sei. O sol brilha alto, 
Impossível de fitar. 
As estrelas pestanejam frio, 
Impossíveis de contar. 
O coração pulsa alheio, 
Impossível de escutar. 
Quando é que passará este drama sem teatro, 
Ou este teatro sem drama, 
E recolherei a casa? 
Onde? Como? Quando? 
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo? 
É esse! É esse! 
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei; 
E então será dia. 
Sorri, dormindo, minha alma! 
Sorri, minha alma, será dia !

2 comentários:

  1. Um lindo poema, Renata.

    Ótimo feriado pra você e um grande beijo.

    ResponderExcluir
  2. Grande Fernando Pessoa, ninguém foi maior que ele! E sim, por muito má que seja a noite, teremos sempre um novo dia para começar de novo.

    Obrigada e uma muito boa Páscoa

    ResponderExcluir